Dormes a meu lado
Já estou acordada há algumas horas, vejo-te ainda dormir no teu sono descansado, chegaste tarde ontem à noite. És pacifico quando dormes, pareces um bebé, aliás sempre te disse que tinhas cara de bebé. De todos os homens que tive e que pude ter até hoje, tu és aquele que mais me cativa, em cada gesto, em cada expressão, em cada som... Quando te conheci, o primeiro dia a que fui a tua casa, pensei que nunca poderias olhar para mim, ainda andavas com a "mulher-avião"... lambro-me de ter amado a tua casa, de me ter sentido em casa, lembro-me de ver lançares-lhe aquele olhar apaixonado e de pensar "quem me dera que fosse para mim...", na altura ambos éramos comprometidos, mas eu já não era feliz e tu também não!
Nunca mais te vi, saíste da empresa na altura em que entrei...
Fui tantas vezes lá ao bar com os meus amigos, mas foi necessário vir o pico do verão para lá te ver; na banalidade da minha inocência (que por vezes de tão extrema e cega, irrita-me) a ti me dirigi e cumprimentei-te, pensava que seria normal lembrares-te de mim, mas demoraste a ver quem eu era...depois fez-se luz, olhei-te bem nos olhos quando ambos perguntámos se estava tudo bem... disseste-me que te tinhas separado, lamentei porque, apesar de tudo, tinha simpatizado a "mulher-avião" e achava que vocês faziam um par muito bonito, mas não fiquei completamente desolada, ao despedir-me pediste para eu anotar o teu número, dei-te o telemóvel para a mão e marcaste, guardei-o e por fim, despedi-me e voltei para o meu grupo.
A noite continuou subindo, os copos já iam muito avançados quando nos voltamos a encontrar, na altura eu dançava, alegre já...fizeste-me sinal, sorri-te e continuei..
Não sei o que aconteceu para mudares completamente de performance, começaste a enviar-me mensagens, alinhei na brincadeira, pensei não haver mal nenhum... contei-te metade da minha vida e tu metade da tua.
Não sei se o final da história será agora quando acordares, mas também não é isso que me preocupa, ambos sabemos que nada sentimos um pelo outro e que a história da química não chega, é preciso ter gostos comuns, conversas que ambos percebam... O teu sono é pacífico, transmite paz a quem ao teu lado está também, viras-te, agarras-me com força e assim permanecemos, abre os olhos, lindos olhos, cintilantes, mesmo quando estás com sono eles brilham... sorris, eu viro-me e tu agarras com mais força, disse-te "que não fugia", mas continuaste agarrado a mim...
Dormes a meu lado, cativa-me o teu sono, parece que sem querer só de te olhar consigo entrar nos teus sonhos, dás-me vontade de assim ficar o dia todo.
Por fim acordas, dás-me um beijo e outro e mais outros... fazemos novamente amor, abraças-me, vais tomar um duche e voltas, fumamos um cigarro, aninhamo-nos em concha como se de um só nos tratássemos e adormecemos novamente por breves momentos...
Saltas da cama num ápice, como se de repente o teu corpo fosse um conjunto de sirenes... levanto-me eu a seguir.
Saímos... trazes-me a casa com a promessa de me veres no dia seguinte, promessa que não cumpriste e por vezes mais vale o silêncio...
Porém a tua alma a mim ficou agregada, não sabes tu o que numa noite pode acontecer... Entraste e não saíste... não que por eu não querer mas porque assim não foi possível, temos ainda uma missão um com o outro e o meu karma, mais uma vez é ter paciência e esperar que o tempo traga respostas, traga sinais teus, para que possamos aí encerrar este ciclo!
Reapareces
Estava na esplanada no meu momento de solidão, lavando a minha alma com o olhar sob o lago quando tu entraste, sorrateiro no café, sentaste-te e aí ficaste à espera... vi-te quando fui pagar, reconheci-te mas levei tempo a decifrar quem tu eras... por fim, lembrei-me, alguém que partilhou o meu momento bipolar, em que era eu feliz e uma triste ao mesmo tempo, sentei-me com o objectivo de apenas fumar um cigarro e iniciei a "conversa de sala", em mim já bastante praticada, às custas da família, no entanto, levaste o tema para campos em que viste que eu não me podia fechar e por lá, naquela mesa, ficámos a conversar... foi bom ter-te reencontrado, descontraíste-me e trouxeste-me um novo alento, uma nova coragem... Como os anos passam e nós nem damos conta... cada vez mais sinto-me velha e com uma vontade imensa de parar o tempo por momentos, para poder usufruir mais segundos por cada segundo... o teu sorriso trouxe-me calma, somos iguais e incompatíveis, sempre soubemos, tu cresceste, eu cresci, crescemos os dois... caminhos diferentes, destinos iguais, vidas semelhantes, alguém que se cruza comigo e que a mim é igual, inédito...
O momento foi único, porque voltaste a acordar em mim a paixão... sei que ao leres estas linhas vais perceber, longe um do outro vamos caminhando em conjunto sem saber...
E volta o passado com a tua conversa...
É impossível não me lembrar de cada momento que passei nesses anos atrás, cada momento apaixonante, quando conheci o meu primeiro e grande amor, quem eu ainda hoje amo, por quem ainda hoje sou capaz de abandonar tudo... acabei por ficar nostálgica, lembrando-me de cada pormenor desse romance "romanceado" no caminho para casa.
Quero-te Menino!
Tento resistir ao puro prazer do sexo contigo, mas simplesmente não consigo, conheces bem o meu corpo, tens a chave sem nunca ninguém te ter dado, vens ter comigo cá a casa, penso, mal te vejo "menino como me deixas louca de desejo", cada movimento do teu corpo tem uma linguagem diferente com o meu, não consegues resistir mais, em pleno luar, puxas-me para ti e beijas-me como só tu consegues... percorres com a língua os traços do meu pescoço, do meu peito, voltas atrás, o rosto, os olhos, agarras no cabelo e beijas-me na boca... não resisto mais... tento parar, mas sou eu mesma que recomeço... encaminhamo-nos para o quarto, apenas com a luz do luar que já vai alto e distante, no escuro percorremos o caminho, como dois peritos para a cama, é lá que me voltas a transformar na selvagem que contigo sou... no entanto como não te consigo amar, não consigo encarnar bem a personagem, retraíndo-me... não te consigo amar porque sei que é errado, porque sei que o nosso sexo é óptimo mas porque prefiro não te mostrar a minha verdadeira essência... tenho medo...
Ai Cigana que sou!
No meio do luar, danço para ti, loucura insana esta... quando ao pé de mim estás, encarno a cigana que há dentro de minha alma e vôo por lugares que nunca passei... lembro-me de ficares como que hipnotizado a olhar, perante esta minha loucura... na verdade, é sinal que te vou conhecendo cada vez mais e que cada vez menos me retraio e mostro a essência da minha liberdade...lembro-me de cada assunto que falamos, divagamos em harmonia o que mais me faz sorrir, porque já percebi quem és e percebi que não há que controlar o que fora do controlo já está...
Agora vejo como olhas para mim e consigo perceber cada rolamento dos teus olhos... o teu passeio pelo meu corpo, com um olhar apenas já despiste...
O quebrar do gelo...
Sentada na mesa do canto do café, à tua espera, passas por mim, falha-me a voz para te chamar, vais dar mais uma volta à livraria... voltas a aparecer, chamo-te, sorris, tímido... o teu olhar apaixonou-me logo... sentas-te, falamos um pouco, vamos ao cinema então? Primeiro tens de ir jantar, eu não me apetece...e depois lá vamos nós para o nosso primeiro filme... nunca me consigo lembrar do nome... foi "A Vila"? não sei, também não sei se sabes...
A primeira vez que fui ao Blá Blá foi contigo, lembro-me como se fosse hoje, depois do filme, foi lá que demos continuação à nossa noite...
Aí quebramos todas as barreiras da timidez e falamos... sem parar...
O Jornal...
Reencontrei-te no café, quando disputámos o jornal, cedeste-me, muito simpático e quando eu acabei a mim te dirigiste para perguntar se já podias levá-lo... disse-te que sim, ganhando coragem para te perguntar se já te conhecia... "Não, não me parece" foi a tua resposta, sei que corei e que te pedi imensa desculpa por te ter confundido, de sério começaste-te a rir, dizendo que eu tinha razão e que já nos conhecíamos de outras paragens... A partir daí começámos a estar mais vezes juntos lá no café, por coincidência... até que um dia convidaste-me para sair.. dia 13, nunca mais me esqueço... foi uma noite mágica, sempre soubeste ser divertido e ter uma boa conversa. Acabo por perceber que afinal "Gosto muito de ti" e, que por isso me custa ver-te agora.
texto inacabado.
Mafalda Borges
ps - estado de espírito :: aborrecido...
1 comentário:
devo dizer que tu, sininho, me badalaste completamente...estive a explorar vários textos, recentes e de arquivo, e adorei. este texto " a casa da Maffy..." está liiindo.
que queres...sou uma mana babada!!!
bjka
fada madrinha
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