sábado, março 07, 2009

Às Mulheres!

Aliança

Por tudo quanto sei,
mas não sabia,
(Feliz de quem um dia ainda o souber!)
Por essa estrela branca em noite fria!
Anunciação, talvez, de poesia...
Por ti, minha mulher!

Por esse homem que sou,
mas que não era,
Vendo na morte a vida que vier!
Por teu sorriso em minha vida austera.
Anunciação, talvez de Primavera...
Por ti, minha mulher!

Pelo caminho humano a que vieste
Com fé no amor.
— Seja o que Deus quiser!
Por certa fonte abrindo a rocha agreste...
Por esse filho loiro que me deste!
Por ti, minha mulher!

Pelo perdão que espalho aos quatro ventos,
De antemão cego ao mal que me trouxer
Despeitos surdos, pérfidos momentos;
Pelos teus passos, junto aos meus, mais lentos...
Por ti, minha mulher!

Nada mais digo.
Nada.
Que não posso!
Mas dirá mais do que eu quem não disser
Como eu?:
— Avé-Maria... Padre-Nosso...
Por tudo quanto é meu (e que é tão nosso!)
Por ti, minha mulher!

Pedro Homem de Mello, in "Adeus"


{Sininho encontra, por entre os seus vôos, o seu ideal de mulher, o seu romance...}


A todas as Mulheres!

A ti Vinicius!

Poética I

De manhã escureço

De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
- Meu tempo é quando.


Vinícius de Moraes


Poética II

Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia.

E na perspectiva
Da vida futura
Ergui em carne viva
Sua arquitetura.

Não sei bem se é casa
Se é torre ou se é templo:
(Um templo sem Deus.)

Mas é grande e clara
Pertence ao seu tempo
– Entrai, irmãos meus!


Vinicius de Moraes

«A Casa da Maffy - O meu Mundo... »

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04/03/2009


Olá Mariana,

A última semana foi uma loucura e não tive tempo de te falar, isto é, de escrever... Quando não estava a trabalhar, estava a mãos com amigos que precisavam de ser ouvidos (pela ordem das coisas e do que acredito eu também necessitava de os ouvir...).
É este o meu mundo, Mariana, pelo menos tem sido.
No outro dia encontrei mais um poema do meu Vinicius, que amei logo "Poética", depois copio também para ti e apeteceu-me voltar a ser a cigana de poesia que era... mas devo ter perdido o amor à rima e a paixão da canção, pois nada de jeito me sai!
Falo-te do meu mundo, falo-te da minha desajeitada alma para a escrita, queixo-me da falta de umas novas asas para continuar os meus vôos, falo-te de mim, mas não me abro... sinto-me, hoje em dia, uma rocha e não mais uma gaivota... E acho que só piora com o tempo...
No domingo fui até à praia, lavar o meu espírito, acho que já estou a precisar novamente de ir e de repente, lá, senti saudades dos tempos em que levava o Fabinho até à explicação em Leça e depois seguia todas as manhãs para a esplanada do Bar do Óscar, escrevendo até à hora de ir buscá-lo... , acreditas que não me consigo lembrar quantos anos já tinha??? Ai, a minha memória degenera-se também, tudo em mim cai, o meu mundo desmorona-se aos poucos e modifica-se sem eu dar fé.



E o teu?


Tua,

Sininho


Mafalda Borges

quarta-feira, março 04, 2009

«A Casa Da Maffy - Hoje Sou...»

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21/02/2009





"Olá, tudo bem?", "Parabéns!", "Muitas felicidades!", "Divirtam-se"








As palavras são fáceis de sair!






Hoje sou corpo livre, aspiro voar não nos meus, mas sim nos teus pensamentos, hoje sou alma que chora, presa à nostalgia de contigo não estar, nem por ti ser lembrada.


Hoje sou uma existência simples, acomodada à tua ausência e à minha ausência em ti.


É incrível como não nos completamos mais, como não nos fazemos falta... Hoje não sou nem fada, nem princesa, nem rainha, hoje não existo e gosto do sabor desta invisibilidade recriada. Não sou a menina dos 17 que conheceste, nem a dos 21 que, por fim, largaste, hoje o que sou é um pouco de ti ou do que eras, o resto é nulo, non-sense e sem simbolismo algum... hoje o coração não chora mas também não ri, a alma activa mas não presente.
O tempo não pára, meu amigo e, isso deixa-me assim vazia, porque as memórias ficam cá dentro mas tão desbotadas que faz com que não consiga traçar uma linha temporal... E o facto de o tempo não parar e de nós andarmos sempre a correr, sempre ocupados demais, por vezes até sem tempo para um "olá" dar é mau, é péssimo, porque não reparamos que o tempo corre connosco e não ao contrário... enfim... começo a sentir o peso da responsabilidade que o passar dos anos traz.
Hoje, Goofy, sou a Abelha Maia, por quem um dia estiveste apaixonado, a Abelha Maia que se tornou a melhor amiga, a companheira de conversas, noites e sorrisos e até lágrimas... Hoje nada sou a não ser Abelha Maia e no meu vôo invoco não o passado mas sim, a sua grande consequência, uma amizade única, a segurança de estarmos sempre um ao lado do outro, mesmo que por vezes, distantes.
Para tal, hoje as palavras saem, parecem vazias de significado, mas não o são, parecem forçadas mas são sinceras, mas palavras sempre foram fáceis... Mais que palavras, hoje o importante, és tu Goofy e eu, Abelha Maia hoje sou...



Um beijo,

Tua Abelha Maia,

Sininho


Mafalda Borges
21-02-2009

«A Casa da Maffy - Vagueando »

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20/02/2009


Querida Mariana,

Continuo a vaguear nos meus pensamentos e em memórias que me têm perseguido... pensei muito, serei eu a presa destas memórias??
Tenho escrito quase todos os dias novamente, será por esta perseguição do passado ou será que estou infeliz e não sei??
Há tantas perguntas que vagueiam na minha mente e que não tenho resposta... eu, apesar de tudo, sinto-me bem e sinto-me feliz, confortável com a vida que tenho neste momento... Mariana, tinha saudades de sonhar, de voar com a minha alma por meio de folhas planas e canetas salientes e, voltei a fazê-lo, mal ou bem, não me interessa, é aqui que me encontro, que me solto, que existo, aqui sou rainha do meu conto de fadas, princesa do meu reino da escrita e por isso, Mariana, vou vagueando e deixo-me levar...
Tu que durante estes anos me tens acompanhado, me tens lido e sentido, tu conheces-me melhor que ninguém, melhor que eu mesma até!, diz-me, Mariana, tens tu as respostas que tanto busco? Ou preferes permanecer no teu silêncio divino e mágico, dando-me apenas sinais que eu vou interpretando e com eles vou desvendando o meu rodopiante destino?? Por vezes, tenho tanto medo de fazer más leituras dessas tuas simbologias, por vezes, tenho medo de fazer más escolhas e perder... talvez por isso, tenha deixado estes meus vôos e os meus sonhos, por medo e não apenas, por me sentir feliz, talvez agora tenha perdido esses medos e arranjado uma nova coragem para aqui voltar a vaguear, para novamente sonhar e sim Mariana, para continuar a voar, porque eu tinha mesmo saudades de voar!
É impressionante como só assim me liberto completamente das amarras de uma vida completa de hábitos, abusos, convenções e aparências... Estou novamente cansada de sorrir e de chorar contrariada...
Vivemos todos em palcos, somos todos actores secundários, aspirando sempre um papel principal que sucumbe quando desistimos de ser guerreiros e aprendemos a viver, sobrevivendo...


Até Já Mariana,

Tua,
Sininho


Mafalda Borges
20/02/2009