A Revolta e o "Ser Ninguém"
Mariana estou revoltada. A minha mãe só não perde a cabeça, porque está presa ao resto do corpo. Estou revoltada... não moro numa cidade, moro numa vila minúscula , onde todos se conhecem... ! Que merda! Ela perdeu a carteira... viram um homem apanhá-la do chão, tem lá o meu número, Santo Deus, porque não ligam... Não acredito na boa vontade das pessoas daqui, muito menos na sua educação... os que cá vivem, são como que um bando de renegados da sociedade.. de lixo inculto e ignorante, apagados, vivem dentro de uma teia que nem eles mesmo compreendem...
Sinto-me revoltada!!! Sinto-me frustrada por aqui hoje viver! Porque é que aquela besta não liga??? Fodasse,... desculpa-me a má educação, Mariana, mas já sabes que quando estou assim, digo imensos palavrões... Isto é decadente... aqui toda a gente se conhece, tu bem sabes disso e no entanto não têm a responsabilidade, o civismo de virem aqui a casa entregarem o raio da carteira... Oh pá... se o homem é pobre, nós também não somos ricas, que fique no entanto com os 80€ e que aí a morte dele venha rápida... Mas que entregue o cartão multibanco... Estou louca que chegue segunda-feira, dia em que se até aí nada aparecer, o homem vai ser reconhecido e eu vou mandá-lo para o hospital... Que morra, pois não gosto sequer de pensar que terei de infernizar a vida a alguém...
Mariana, esta raiva, não a quero dentro de mim, no entanto, sinto-me no papel de leoa mãe... tenho que proteger a minha cria, que neste caso é a minha própria mãe, que a cada dia que passa, demonstra-se um ser cada vez mais indefeso, com mais vontade de desistir.. bem sabes que sou tudo o que lhe resta...
Logo hoje Mariana, que continuava o meu processo de busca de melhoria da minha pessoa, que me sentia feliz e com vontade de viver e de espalhar a felicidade e a energia do amor que há em mim, por todos... Mariana ... Quem és tu? "Ninguém!"
Mafalda Borges
22 de Abril de 2006
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