«A casa da Maffy»
só nestas linhas me sinto em casa, só isto me faz sentir bem e plenamente feliz...saber que estou viva, saber que escrevo, não para mostrar, mas para existir... cada pessoa tem a sua condição de vida, a minha é escrever, viver agarrada ao papel, à caneta, na geração da informática, ao computador... a minha droga são as letras... é a explosão da minha pessoa, o vôo raro da ave que em mim brota... escrever... mas o que é isto??? O que é para ti escrever?? Senão um limite imposto à tua condição humana... "cada qual nasce com o seu karma...."
"aguenta-te, pois o teu destino são as letras, nãos as faças revoltarem-se, pois abandonam-te... "e abandonaram... e depois voltaram, aos poucos, como se eu mesma tivesse cometido um crime contra elas... cometeste não?? será que reconheceres que elas te impõem uma vida sob a qual tu às vezes não tens escolha?? será que elas mandam assim tanto ou só mandam porque tu deixas??
talvez tu não percebas o que dizes... é de loucos, falas de ti para ti... grita.. liberta-te, porque afinal.. ao cair da noite, as letras voltaram ao teu encontro para tu voares...
e que vôo este, pois tu hoje nada percebes e não queres perceber... pensas que não sei... pensas que não sinto a tua divisão...a divisão entre dois mundos, entre dois homens e entre as duas mulheres que nascem em ti... e o que é isto?? senão a tua casa, ?? o teu ponto de partida e, por fim, já à noitinha, o teu ponto de chegada... é chegada a hora de fechares em ti a revolução... evitares o ponto de ebulição... e portanto, amiga, não vás por esse caminho... guarda essa emoção, essa explosão, talvez mais tarde necessites dela... pensa no mar... que hoje só a ideia te acalma... mas afinal, o mar para ti nunca foi refúgio, mas sim inimigo... o mar traz-te a nostalgia de mulher-menina sofrida que outrora já foste... o mar traz-te a revolta de um passado que te escapou das mãos sem tu teres poder de decisão e por fim o mar traz-te as lágrimas, a perdição e a morte.... não vagueies pela areia... nunca gostaste dela... não gostas de sujar a roupa, nem os sapatos... nem as mãos... e queixas-te porque não tens escolha da vida que levas nem da pessoa que és... no entanto, deixas os outros decidirem sempre tudo e portanto, vão decidindo a tua vida aos poucos, um bocadinho aqui, outro ali e outro acolá... cresceste, passaram quase vinte anos, mulher te tornaste, mantendo a menina da indecisão e quando te decides, vens tarde...
só nestas linhas é que ganhas energia para mais um dia que se aproxima... não queres sofrer amanhã... queres poder dizer que sim, decidiste no momento certo!
só nestas linhas me sinto em casa, só isto me faz sentir bem e plenamente feliz...sabes que estás viva, sabes que escreves, que gritas no papel as tuas dores, que te revoltas contra as tuas feridas e te voltas a calar... e a renascer!
"cada qual nasce com o seu karma...."
Mafalda Borges
28 de Março de 2006
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