« A CASA DA MAFFY - TUA, SININHO...»
As minhas memórias andam nos últimos tempos a rodopiar na minha mente e no meu coração... não que ande mais sentimentalista do que o que já sou, mas simplesmente tenho-me visto presa a recordações que não me deixam, de todo, respirar.
A verdade é que sinto a minha vida bem longe do meu controle e a escorregar-me rapidamente pelas mãos... ora são os amigos que me vão falhando pois a morte encurta-lhes a vida comigo, ora porque vão para longe e com o tempo sempre a correr, nunca há tempo para depois conviver!
Não sei, não arranjo razões suficientes para o meu pequeno cérebro deixar de criar associações, desfazendo-se em recordações (e não delas!).
No outro dia, vinha das explicações e, já estava no início da nossa rua, vi logo as janelas do teu antigo quarto (aposto que todas as noites continuas a ir lá)... as janelas ainda estavam com as pressianas para cima, dava para ver as cortinas transparentes e eu fiquei a morrer de saudades dos nossos encontros fulminantes, as duas sempre a correr de um lado para o outro, sempre a fazermos planos para uma saída, acabávamos sempre por à última, ou uma ou outra, desmarcar por motivos de ordem maior...
E tão depressa essa minha nostalgia voou com um sorriso, de certezas, em como tu estavas a partilhar memórias comigo naquela altura, tornei-me confortada pela minha mágoa e esperança.
Entretanto, recuei ainda mais anos, nesta caixa que se diz ser cérebro, voei para a altura da nossa infância, em que todos, uns mais miúdos que outros, nos reuníamos de tarde e a nossa rua tornava-se mesmo nossa, local de jogos e jogatanas, interrompidos por um carro ou outro, que, por vezes lá passava... agora as tardes naquele alcatrão são mais pacíficas, os carros passam até mais de noite e o clã que se reunia cresceu e afastou-se, tem-se afastado cada vez mais, ridículos e cheios de hipocrisia, tornámo-nos nos adultos que jurámos não ser, encontros furtivos no café, um "olá" de vez em quando, juntámo-nos mesmo mais para funerais, como quando da tua partida...
Aprendi a não fazer planos cheios de "ses" de saídas, saio, quem quiser que me siga...
Já partiste há meio ano, eu não digo que o tempo passa depressa??
Eu cá continuo perdida no meio de recordações, de palavras que não digo e beijos que não dou... tenho a minha vida parada, por puro comodismo, ou até, talvez, com medo de andar para a frente e ter a consciência dura que realmente o tempo não pára, que os anos vão continuar a passar e cada vez mais me irão parecer mais fugazes...
Tua, Sininho.
19-02-2009
Mafalda Borges
E que aqui voem almas e corações, palavras e sentimentos, sonhos e pesadelos.. e que aqui voe a Vida!
quarta-feira, fevereiro 25, 2009
sexta-feira, fevereiro 06, 2009
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